Social Watch-Benin insta presidente senegalês a renunciar o terceiro mandato

Cotonou – Uma rede de organizações da sociedade civil, designada Social Watch-Benin, instou o presidente senegalês, Abdoulaye Wade, a renunciar um terceiro mandato à frente do seu país, de acordo com um comunicado da referida instituição publicado esta segunda-feira em Cotonou.



A referida rede apelou ao presidente senegalês cessante para se inspirar nos honráveis filhos de África, como Nelson Mandela (ex-presidente sul-africano), Mathieu Kérékou (ex-presidente beninense) e Abdou Diouf (ex-presidente do Senegal, predecessor de Wade), que deixaram às gerações futuras a imagem de homens de Estado preocupados com o respeito pelos mandatos presidenciais e pelo espírito das constituições.



A rede de organizações da sociedade civil declara-se extremamente preocupadas com os últimos desenvolvimentos da situação política e social no Senegal, na sequência da validação, a 30 de Janeiro último, pelo Conselho Constitucional, da candidatura de Abdoulaye Wade, para um terceiro mandato às eleições presidenciais de 26 de Fevereiro.



A rede afirma que o Senegal constitui, para a África inteira, um modelo de democracia e de alternância pacífica ao mais alto nível do Estado, que permitiu ao opositor histórico, Abdoulaye Wade, ser eleito a 19 de Março de 2000, presidente para um mandato de sete anos e ser reconduzido às mesmas funções a 25 de Fevereiro de 2007 para um mandato de cinco anos.



Tendo em conta as ameaças graves à paz, a Social Watch-Benin lembra ao presidente Wade que se opôs recentemente ao confisco do poder na Côte d’Ivoire e na Líbia.



Também recordou-lhe que o escrutínio presidencial não tem unicamente como objectivo conferir o poder a um Governo democrático escolhido pelo povo, garantindo-lhe assim uma legitimidade nacional e internacional, mas também deve consolidar o processo democrático, reforçar a paz e a coesão social.



A Scial Watch-Benin insta igualmente todas as autoridades político-administrativas senegalesas a evitarem detenções, intimidações e ameaças contra os actores sociais que defendem os direitos cívicos e políticos dos Senegaleses.



Na sequência da validação da candidatura do presidente Abdoulaye Wade, distúrbios eclodiram no país, desde 30 de Janeiro último, provocando a morte de pelo menos cinco pessoas.



A oposição e a sociedade civil continuam a denunciar a candidatura de Wade, enquanto a campanha eleitoral foi lançada domingo na perspectiva da primeira volta do escrutínio presidencial previsto para 26 de Fevereiro próximo.